terça-feira, 2 de novembro de 2010

“O mundo só pode ser melhor do que até aqui, quando conseguires fazer mais pelos outros que por ti.” (Poeta Aleixo).






PROTEGER AS CRIANÇAS DA VIOLÊNCIA


É urgente agir na prevenção das causas que têm contribuído para a agressão física e moral das nossas crianças. As crianças esperam dos adultos testemunhos de vida, que as ajude a edificar alicerces onde possa assentar o seu desenvolvimento físico e intelectual, onde os pilares do amor, da justiça, da fraternidade e da cidadania sejam pontes da nova sociedade que queremos construir. Mas há quem teime em desprezar estes valores e aposte na violência infantil, na guerra, na escravatura de crianças, no trabalho infantil e na mutilação de futuros homens e mulheres, que ficarão com uma visão do mundo marcada pela violência, o salve-se quem poder, a linguagem do terror, do roubo, da droga e da morte.

Hoje morrer de acidente, atentado, assalto à mão armada, assassinato, rixas, passou a ser tão banal para as nossas crianças, como um jogo de computador, que elas mesmas manobram, com desenhos tão semelhantes como os da pessoa humana, que acabam por achar que tudo o que lhes é mostrado pela TV são mais uns joguitos de guerra onde ninguém morre, porque daí a pouco os mortos voltam novamente à acção manipulada pelos teclas do computador.

Mas as crianças estão cheias deste mundo de ilusões e sofrimentos. Elas precisam que nós adultos testemunhos vivos de vida em fraternidade, exemplos de uma cidadania participativa, onde os direitos humanos são respeitados e defendidos. O mundo está farto de palavras ocas. Os valores da solidariedade e da paz têm que ser cada vez mais cultivados na família, na escola, no trabalho e na vida social. “

Fotografias Zito Colaço
Mil obrigados, India.

sábado, 11 de setembro de 2010

Festa de Requalificação do Cabo Espichel, Portugal.

Santuário de Nossa Senhora do Cabo - Cabo Espichel

O conjunto arquitectónico do chamado Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua, implantado no extremo do Cabo Espichel, é sem dúvida o mais importante e característico do Concelho. Há neste precioso agregado de edificações, desde a antiga Ermida da Memória à Igreja Seiscentista, desde os corpos rústicos das "hospedeiras" ao aqueduto e à "Casa da Água", uma unidade de valores gráficos que fez esquecer a disparidade de estilos. O culto de Nossa Senhora do Cabo perde-se na bruma dos tempos e é crível que anteriormente à sua veneração - a partir do Séc. XV - o Cabo Espichel fosse centro de peregrinações.
O actual culto remonta a cerca de 1410, ano em que teria sido descoberta na extremidade de Cabo Espichel a venerada imagem de Nossa Senhora do Cabo, por dois velhos da Caparica e de Alcabideche, que em sonhos coincidentes teriam sido avisados pelo Céu. Antes de 1701 - data da construção da actual igreja - o arraial era circundado de casas para os romeiros que não obedeciam a alinhamento especial, e que se dispunham em torno do primitivo templo. A partir de 1715, a grande afluência de círios ao Cabo obrigou a que se construíssem hospedarias com sobrados e lojas.
A arcarias que corre ao lado de dois corpos consegue sem recorrer a arranjos construtivos de perfil erudito. A obra das hospedarias iniciou-se em 1715, mas só entre 1745 e 1760 foi ampliada para as dimensões actuais. A igreja actual remonta a 1701 e é da iniciativa real de D. Pedro II. Penetrando no templo através de um bom guarda-ventos de madeira do Brasil, vislumbramos a ampla e bem proporcionada nave, coberta por um tecto em madeira com uma composição a óleo que representa a Assunção da Virgem, esta é uma obra do pintor Lourenço da Cunha. Sobranceira à escarpas que afloram no extremo do Cabo Espichel, a poente da igreja e das hospedeiras, situa-se a Ermida da Memória, templinho implantado precisamente no local onde a tradição diz ter-se dado a aparição da Virgem.










O Cabo Espichel está localizado em Portugal, a ocidente da vila de Sesimbra. É delimitado a sul e oeste pelo oceano Atlântico e a norte pela estrada nacional 379 e Ribeira dos Caixeiros. Na sua extremidade, vislumbra-se, vertiginosa e abissal, a Baía dos Lagosteiros.

Fotografias Zito Colaço

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Refugiados Saharauis, Dakhla, Argélia.

ELA

É agora. Sei-o porque os dias findam mais tarde sem que o frio peça abrigo. As aves já deixaram de passar por aqui, em busca de paragens mais amenas. E, às vezes, sinto a brisa do mar. É sempre nesta altura que eles chegam. Vêm de todo o Mundo, um Mundo que nos esqueceu. Trazem máquinas fotográficas, câmaras de filmar, blocos de notas, uma palavra amiga. Ou palavras de ordem, em línguas exóticas, inscritas em faixas que pretendem colocar ao longo do muro. Esse longo muro que me separa dele. 2.500 quilómetros que nos privam, aos dois, de ser quem somos. Não agora, que todos estes olhos estão sobre nós. Também os meus podem, finalmente, revê-lo. Observar-me no reflexo dos seus, castanhos, enormes, que perdem, então, aquele estranho brilho de quem espera o combate. E os seus dedos afrouxam, uma vez ao ano, a pressão sobre o gatilho. Lutam todos eles por nós. Lutamos, os dois, por ambos. A minha mãe abserva-nos, num misto de sorriso compreensivo e ar reprovador, quando deixamos o grupo e caminhamos, sós, para as dunas. Teme que eu sofra. Como ela sofreu com a morte do meu pai, quando a Frente POLISARIO era tudo o que esta gente tinha. Eu e ele temos mais. Mas nada podemos se não pudermos jurar amor em hassânia, numa terra que seja, para sempre e sem mais lutas, a nossa.

ELE

Limpo a AK7 como quase todos os dias. Porque é, por ora, tudo o que podemos fazer. Eu e alguns milhares de guerrilheiros Saharauis que esperamos, deste lado do muro, há tempo demais, que a Comunidade Internacional tome as devidas medidas. Tão pouco é vingar os meus pais que, comigo em braços e fome nas entranhas, fugiram da Marcha Verde e de uma morte certa. É aguardar que, para lá desta muralha, minas e arame farpado, os marroquinos retirem daquela que é nossa terra. Não este lugar, inóspito, onde só mesmo nós, descendentes de beduínos e habituados ás maiores privações conseguimos sobreviver. Mas aquela terra de que tivemos que nos apartar há quase 35 anos. Que guarda riquezas inimagináveis e, só por isso, nos foi tão desonestamente furtada. Espero nunca ter de combater. Pelo menos é isso que , agora, sinto, porque aqui, em Dakhla, o campo de refugiados saharauis na Argélia, reencontro-a uma vez por ano. Porque é tempo de contar estórias que a história esqueceu a esta gente que se solidariza com a nossa causa e quer mostrá-la ao mundo. É tempo de amor. E mesmo que não fosse... teria sempre os seus olhos.

ELE E ELA

Caminham, agora, em direcção àquela duna de onde avistam o infinito Sahara até que o sol se espraie e dê lugar às estrelas. Esse céu que só quem viu sabe que encerra a noção de que nós, os homens, podemos tão pouco. Conversam. Não nos cabe a nós saber do que falam. Cabe ao mundo saber que, os dois, juntos agora como afastados a maior parte do tempo, carregam aos ombros esse peso de não poder ser. Como 260 mil Saharauis. Há tempo demais!

Texto Nuno Miguel Dias
Fotografias Zito Colaço




quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Raia Miúda que caiu na Rede Natura 2000



A IMAGEM FICOU PARA A HISTÓRIA. SIM. MAS DE UMA MANEIRA QUE A MAIORIA NEM SONHA!

No dia 1 de Janeiro de 1986, mal refeitos do Réveillon, um Mário Soares caduco e um Cavaco Silva labrego assinaram, no Mosteiro dos Jerónimos, o Princípio do Fim. Ser da então CEE foi, para uma Espanha (que assinou no mesmo dia) e para uma Irlanda, uma coisa boa. Mas esses são, de facto, europeus. Aqui, na África da Europa, estava dado o mote para a Era Quem-Tem-Olho-É-Rei, como será, para sempre, lembrada. O dinheiro chegou-nos ao bolso como se de lingotes-de-ouro-de-dente-de-judeu se tratasse! Foi um Ai Jesus. Mas depois vieram os Judas. Incapaz de criar uma “repartição” capaz de vigiar, condignamente, a aplicação dos fundos concedidos, o Estado permitiu alguns crimes que descambaram, como deveria ter sido óbvio, na devastação da economia portuguesa. Em África, mundialmente famosa pelas más razões no que toca a Estados, teria sido preciso uma praga de gafanhotos para que o mesmo se registasse. Ainda assim, joga a favor do Continente Negro a resignação das gentes. “Contra factos não há argumentos”, pensarão. E a coisa vai, com cada um a fazer o que pode como pode. Aqui, porém, está-se convencido que se é Europeu. Seja lá o que isso significa. E exterioriza-se europeísmo agindo africanamente. A Irlanda decidiu aplicar os fundos na formação e criação de postos de trabalho. Auto-Estradas, só uma, e com apenas 60km de comprimento. Desemprego... 1%! Por terras lusas, xô Cavaco cortou fitas atrás de fitas inaugurando inúmeros lençóis de alcatrão. O desemprego, esse, nunca parou de subir. A agricultura e as pescas definharam e, hoje, os mercados municipais vendem hortofrutículas de estufas espanholas e peixe de viveiros galegos. Mas este era um cenário que começou a traçar-se há muito, muito tempo, ainda a procissão dos caretos estava no adro. De entre tantos, inúmeros episódios que nos colocaram, irremediavelmente, a par com as mais corruptas nações do chamado Terceiro Mundo, assinala-se aqui, porque me movem estas temáticas (e não as supra), a Rede Natura 2000, uma rede de áreas de conservação designadas, que DEVERIA permitir alcançar os objectivos estabelecidos pelo Convenção sobre Diversidade Biológica, aprovado na Cimeira da Terra no Rio de Janeiro, em 1992. Implementaram-na duas directivas:

1. Directiva Aves (79/409/CEE, de 2 de Abril), relativa à conservação das espécies raras, ameaçadas ou vulneráveis na União Europeia.

2. Directiva Habitats (92/43/CEE, de 21 de Maio), relativa à protecção dos habitats e da fauna e flora selvagens. Prevista que estava a formação desta rede para Junho de 2004, era necessária a selecção, por parte dos Estados Membros, dos sítios naturais do seu território que deveriam integrar a mesma. Em Junho de 1995, havia já uma lista nacional de lugares previstos para a formação da Rede Natura 2000. Em Junho de 1998, a segunda fase do estabelecimento da Rede Natura 2000, consistiu na selecção final dos Sítios de Importância Comunitária (SIC), que logo se integraram na Rede Natura 2000 sob a designação definitiva de Zonas Especiais de Conservação (ZEC).
A Lista Nacional de Portugal seleccionou os seus Sítios de Importância Comunitária (SIC), através de um processo de análise e discussão bilateral entre a Comissão e os Estados Membros e, agora, no âmbito da primeira directiva, existem Zonas de Protecção Especial (ZPE) e, no âmbito da Directiva Habitats, Zonas Especiais de Conservação (ZEC).
O ICN é o organismo do Ministério do Ambiente responsável pelas mesmas e, no que toca à designada PTCON0054 (Fernão Ferro/Lagoa de Albufeira) e PTZPE0049 (Lagoa Pequena – parte da Lagoa de Albufeira) e suas envolventes, com especial incidência na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil de Caparica e na Reserva Botânica da Mata dos Medos, vejamos:

1. Há duas matilhas de cães selvagens à solta na mata, resultantes dos constantes abandonos de início de estio. São considerados perigosos e ninguém está, numa análise rígida, a salvo. Os mesmos são, também, perigosos para outras espécies (como as raposas) desde que o factor territorialidade esteja incluído.

2. A organização do Festival Super Bock Super Rock 2010 (ou este foi mera desculpa?) derrubou milhares de pinheiros mansos nas arribas do Meco.

3. Enquanto ainda se discute (ou faz-se parecer) a localização da terceira travessia do Tejo, procede-se à construção de uma auto-estrada Trafaria-Coina, cuja primeira fase obrigará ao derrube de milhares de pinheiros mansos nas florestas que cobrem o topo das arribas caparicanas.

4. A prostituição (perfeitamente identificada pelas autoridades responsáveis) faz-se às claras em plena área protegida, no espaço que medeia entre a última praia da Caparica e a primeira da Fonte da Telha, ou seja, praia 19.

5. A única razão pela qual a Apostiça (mancha florestal imensa) ainda existe, prende-se com o facto de não estar incluída em nenhuma das áreas de protecção. É propriedade privada e, logo, zelam por ela autoridades verdadeiramente interessadas.

6. A Lagoa de Albufeira é interdita a pescadores da Fonte da Telha e Alfarim, comunidades que sempre ali praticaram pesca de forma sustentada e exemplarmente correcta, para além de serem estes habitantes locais, desde há décadas, os únicos responsáveis pela atempada detecção e extinção dos fogos florestais.

7. Os veículos motorizados não podem circular na floresta. Alguns, porém, fazem-no. Os mesmos estão perfeitamente identificados como familiares e amigos pessoais de alguns membros dos organismos oficiais.

8. A Câmara Municipal de Almada negligencia, há muito, o topo da arriba fóssil, mais precisamente a parcela que vai da Charneca de Caparica à Fonte da Telha. As comunidade locais (Quinta Nova é o melhor exemplo), viram-se a braços, mediante as obras da nova auto-estrada, com situações que, comparativamente, lembram a construção da barragem no Rio Amarelo, na República Popular da China. Maria Emília... para comunista saíste-nos uma bela fascista!

Texto enviado por um jornalista morador no Concelho de
Almada. Com medo de retaliações, o mesmo deseja manter
o anonimato.





Fotografias Zito Colaço

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Salão Erótico de Lisboa, Portugal.





SALÃO ERÓTICO DE LISBOA

Shows de erotismo, sexo ao vivo e momentos de pura sedução marcaram, na FIL, o arranque de mais uma edição do Salão Erótico de Lisboa. O evento contou com a presença de centenas de portugueses, que não quiseram perder as arrojadas actuações de strippers e actrizes porno.

Antes de protagonizar uma cena de sexo com o namorado, Ângelo Ferro, a portuguesa Érica Fontes dizia-se descontraída e convidava os mais renitentes a divertirem-se no Salão Erótico. "Vamos ter espectáculos para todos os gostos e até uma professora a ensinar a fazer striptease e jogos sensuais para as mulheres fazerem em casa com o marido", disse a actriz, que se mostrou feliz pelo sucesso conquistado no mundo da pornografia: "Estou satisfeita com o reconhecimento que tenho tido. As pessoas vêm-me dar os parabéns."

Fotografias Zito Colaço

domingo, 16 de maio de 2010

Canalha






O saque às Terras da Costa está no terreno. Esta manhã, funcionários da Câmara Municipal de Almada, com a protecção da GNR, entraram em propriedades, vandalizaram os sistemas de rega, destruíram plantações e colocaram estacas para a alegada construção em terreno agrícola.

A Câmara Municipal de Almada está a agir em completa ilegalidade, dado que correm em tribunal processos sobre a matéria (de que tenho as referências). A Câmara Municipal de Almada ignora que está num Estado de direito e actua como se estivesse numa ditadura, como a que o seu partido tentou impor ao país entre 1974 e 1975.

A Presidente da Câmara Municipal de Almada é a protagonista desta ilegalidade. Prometeu acabar com as Terras da Costa à custa de imobiliário e de uma estrada criminosa: http://almadaxxi.blogspot.com/2010/01/noticias-de-almada-22012010.html , http://almadaxxi.blogspot.com/2010/02/gato-escondido.html

Seguir-se-á a Área Protegida e a Reserva Botânica. É sobretudo como cidadão que aqui manifesto o mais vivo repúdio por estes planos abjectos, para que têm contribuído PS, PSD e BE. A Presidente da Câmara quer privar o futuro do mais rico património que Almada tem, e esta história miserável é escrita a quatro mãos.

Hoje estive nas Terras da Costa, com o meu colega deputado municipal, António Maco, com o deputado eleito pelo distrito, Nuno Magalhães, e com o eleito da Assembleia de Freguesia da Costa da Caparica, Pedro Sousa Moraes. O que vimos é da mais profunda indignidade.

Do fundo da alma sai-me o único grito possível face à figura sinistra que decidiu arrasar Almada.

Texto Fernando Sousa da Pena
Fotografias Zito Colaço